
A ciência que educa também transforma: aplicando o modelo STEM Education para o ensino de valores
Partindo das deficiências comuns no ensino público brasileiro e, consequentemente, da falta de equipamentos nas escolas, o professor Antonio Petali criou a oportunidade de os alunos produzirem seus próprios equipamentos com objetos do cotidiano – como papelão, sobras de canos, fios, garrafas PETs –, estimulando neles não apenas os conhecimentos científicos de química, física e matemática, mas também o impulso empreendedor de entender como os objetos funcionam e como construí-los a partir do zero, lidando com tentativas e erros.
Por Antonio Roberto Petali Júnior em set 09, 2020
“Vislumbrei objetivos, como aprendizado colaborativo, protagonismo, trabalho em conjunto, resolução de problemas reais, pensamento crítico e divulgação científica como habilidades para a vida”, declarou o professor.
Os estudantes foram divididos em grupos, e cada grupo montou seu equipamento: centrífuga, estufa e destilador, além de produzir um tutorial sobre a montagem. Com o destilador, os alunos estudaram e compreenderam, entre outras coisas, o processo químico de separação de misturas, destilação simples e fracionada e reconheceram o uso da química para criar e solucionar problemas socioambientais. Além disso, foram abordados conhecimentos biológicos das células como unidade de todas as formas de vida, conhecimentos de física com o caráter vetorial da velocidade e da aceleração, as causas ou efeitos dos movimentos de partículas, o estudo do cálculo de área, medidas e unidades de medida.
A riqueza do projeto resultou na união entre professor e alunos, os quais, criando seus próprios instrumentos, puderam compreender melhor os processos de aprendizagem e se envolver mais com o conteúdo aprendido.
Depoimento do professor Antonio Roberto Petali Júnior sobre a participação no Prêmio Shell de Educação Científica
O Prêmio Shell de Educação Científica me proporcionou crescimento cultural, visão de mundo, quebra de paradigma, dentre outras alterações em minha vida pessoal e profissional.
A viagem a Londres serviu para aprender muita coisa nova e também para entender que estou caminhando no sentido certo. Trabalhar com um modelo novo requer estudar e testar tudo, desde o início. O STEM ainda é uma novidade, embora eu já conhecesse e trabalhasse com essa metodologia. E como toda novidade, precisa ser estudada, precisa criar a cultura, montar modelos, ser testada, para então ver os resultados. Levou quase dois anos para eu estruturar o projeto em minha escola.
O projeto não surgiu por causa do prêmio, e sim o contrário. Hoje, estamos melhorando nossos protótipos, preparando oficinas para ensinar em outras escolas e elaborando equipamentos novos. Na viagem a Londres, tive contato com escolas e empresas que trabalham com essa abordagem, o que serviu para ajustar meu modelo de trabalho no Brasil e entender como devo investir nessa caminhada.
Por fim, o prêmio ainda significa que posso desenvolver boas ideias quando acredito que sou capaz, mesmo que nem sempre saia como foi planejado.
Mini-bio do Autor
Professor Antonio Roberto Petali Júnior, foi 1º colocada do Prêmio Shell de Educação Científica, 2017, na categoria Ensino Médio – Rio de Janeiro. O trabalho foi desenvolvido na CIEP 117 Carlos Drummond de Andrade, município de Nova Iguaçu (ES).