Floresta vista por dentro, com diversos espécimes de árvores, folhagem de pequeno porte e folhas secas no chão.

Os da Silva e os da Selva: o ensino de Ecologia e a preservação da Mata Atlântica

O projeto do professor Edevaldo da Silva Oliveira obteve o primeiro lugar na edição de 2017 do Prêmio Shell de Educação Científica na categoria ensino fundamental II.

Por Edevaldo da Silva Oliveira em set 09, 2020

Com o intuito de “investigar o comportamento dos alunos em relação à fauna silvestre após terem estudado ecologia”, o professor levou suas turmas a campo para que conversassem e entrevistassem moradores de uma pequena reserva da mata atlântica sobre os animais silvestres ali presentes. Isso porque, com tantos preconceitos e lendas rondando esses animais, muitos alunos tinham uma postura distanciada e até agressiva em relação a eles e à natureza.

Na imagem vemos um grupo de alunos em um campo com diversas plantas. Ao centro da foto, vemos um tronco de árvore avermelhado e o professor ao lado.
Professor Edevaldo e uma turma de estudantes observando a fauna de animais silvestres na Mata Atlântica.

Assim, a partir de um roteiro, os estudantes partiram para a aula de campo na Pedra de Santa Tereza, no município de Bom Jardim, onde, como forma de levantamento, entrevistaram os moradores da região como se fossem jornalistas, além de terem como tarefa observar a área e perceber vestígios de animais no entorno. Com as entrevistas, “esperava-se que os alunos pudessem aumentar suas percepções em relação à riqueza do ambiente em que vivem e, também, se dar conta das modificações que ocorreram”, além do impacto da presença humana nessas áreas e na diminuição da biodiversidade.

Eles descobriram que muito do que se propagava eram crendices e que a falta de conhecimento levava a atitudes negativas por parte das pessoas. Após o levantamento e a análise, os alunos fizeram uma possível teia alimentar da região. “O esquema da teia deu origem a um jogo no qual cada aluno representa uma população. A ideia principal do jogo é fazer com que os alunos percebam a fragilidade de um fragmento de mata atlântica. Por isso as populações são tão pequenas e as interferências antrópicas tão devastadoras. Não há um vencedor individual. Se todas as populações tiverem, pelo menos, a metade do número de indivíduos ao final de três rodadas, quem vence é a mata atlântica.”

Em campo, os alunos puderam estudar fotossíntese, relações ecológicas, teias e cadeias alimentares, além de espécies exóticas.

Depoimento do professor Edevaldo da Silva Oliveira sobre a participação no Prêmio Shell de Educação Científica

Após ganhar o prêmio, o carinho e o respeito dos alunos e colegas de trabalho aumentaram ainda mais. Sinto que os alunos, especialmente os da escola pela qual ganhei o prêmio, dividem comigo o orgulho de eu ter sido um dos vencedores. Sinto que alguns acreditam mais na escola e no futuro deles. Certamente, com a viagem a Londres, tenho uma bagagem muito maior, com muito mais conhecimento e experiências para oferecer e contribuir com a formação deles.

Tenho sido convidado para participar de eventos pelo CEDERJ/Polo Nova Friburgo para falar sobre a premiação e, consequentemente, mostrar a importância dessa instituição em minha vida, bem como sobre sua qualidade de ensino. Também fui convidado para falar sobre o Prêmio Shell e a importância da conservação do meio ambiente no município de Bom Jardim, onde se localiza o C. E. Dr. Péricles Corrêa da Rocha. Foi um evento que visou estimular o comércio e o turismo ecorrural no município.

Na vida pessoal, o Prêmio Shell de Educação Científica coroou uma história de muita luta, persistência e fé, pois vindo de uma família muito pobre e problemática, não havia quem pudesse acreditar em tamanha reviravolta... A premiação deixou uma grande vontade de ir além, de aprender mais, conhecer mais, fazer mais.

Mini-bio do Autor

Professor Edevaldo da Silva Oliveira, foi 1º colocado do Prêmio Shell de Educação Científica 2017, na categoria Ensino Fundamental II – Rio de Janeiro. O trabalho foi desenvolvido na CE Dr. Péricles Corrêa da Rocha, município de Bom Jardim (RJ).

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